Fardo.
Me sinto como Sísifo carregando aquela maldita pedra até o fim dos tempos. Todo dia é a mesma coisa, todo dia há de ser vivido, todo o dia há de ser vivido - as 24 horas, os 350 dias, os 12 meses. Não se pode pular. Espiar uma semana à frente ou voltar uma semana atrás. Se alguém me dissesse que eu teria que viver em busca de não sei o que, não sei para que, e sem saber o que ia me acontecer, eu teria achado terrível, um pesadelo. Não precisa acontecer algo grandiosamente ruim em minha vida, apenas viver já é um fardo. Não me entenda mal, não quero soar ingrata, muito menos parecer uma pessoa mimada, como se não estivesse satisfeita. Mas e se eu simplesmente não quiser viver um dia? Não posso deixar de vivê-lo. Estar destinada à viver me apavora. Não saber o que me pode acontecer, me apavora. Viver me apavora. Mas se estou aqui quero ser útil de alguma forma, e esse é o fardo de ser humano, ter-que-fazer. De vez em quando minha mente me leva à acreditar que é tudo uma grande simulaç