futuro.

Sento em minha cadeira, coloco meus óculos, pego a caneta e o caderno, e sem perceber minha mente me levou para o dia de minha morte. Constantemente devaneio sobre o futuro, e como consequência, vivo medrosa, ansiosa. Me comparo repetidamente, concomitantemente, comigo mesma, com os outros - sempre. Tenho medo de reencontros indesejados, de encontros supérfluos, de falhas consideradas - por mim - inaceitáveis. Tenho medo de estagnação, e para evitá-la, permaneço ansiosamente à espera, à deriva, e nem sei se algum dia deixarei de esperar - o que me assusta.

Por umas vezes o medo me para - justamente o medo de estagnação, me estagna. Por outras, finjo não sentir e me movo sem parar. E só de vez em quando, consigo me manter razoável. Minhas mãos ficam gélidas quando penso em falhar, meu peito machuca a si próprio, minha boca seca e o ar me falta. Meus olhos se enchem de lágrimas ao pensar que estou atrasada, ou que sou inferior. Meu ego é fatal. Me corrói cada dia mais um pouco. Como seria eu livre de egocentrismos e ambições?  Minha ambição é esmagadora, quero ser tudo e como se não bastasse: quero que tudo seja feito em milésimos de segundos. Quando vejo que não consigo, me sinto insuficiente. Insuficiência crônica. É um clico. Vicioso como todos são, onde apenas eu sofro tremendas consequências que causam exatamente o que eu tenho medo que causem. É antagônico, sinonímia, diretamente proporcional. 

Ter medo do futuro, faz com que ele próprio vire medo. 
Meu presente vira passado e futuro, em questão de segundos. 
Presente não é respectivamente, presente é concomitantemente. 

O tempo é infinitamente trivalente,
assim como, os sentimentos.


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