Caos - o pior texto já escrito.

Com o tempo vai ficando mais difícil me concentrar. Minha visão fica turva, o corpo mole, os pensamentos embaralhados e de repente: vazio. Lembro-me de um peixe morto - minha feição aparenta um peixe morto. Nada faz tanto sentido. Eu olho as pessoas ao meu redor e sinto absolutamente nada. Ninguém me escuta e eu não escuto ninguém. Todos os momentos são frívolos, frágeis. Tudo escorre, derrete.

Estou estática, mas aparentemente danço como uma louca. Imagino como é, como foi e como poderia ter sido. Presente, passado e futuro - todos em um segundo. É tanto para absorver que fico lenta. Viajo na velocidade da luz sem sair do lugar. Aplicaram anestesia geral em mim, mas ainda consigo sentir cutucar. Incomoda. Apenas a consciência de que encostam em mim, me deixa angustiada. Melancolia sem expressão. Frígida.

Tão perdida que não consegue se encontrar nem para ser triste. Não consegue fazer absolutamente nada. Até dormir é trabalhoso. O que mais me incomoda na vida sou eu mesma. Vou ao banheiro, me olho no espelho, abaixo a cabeça e sinto cheiro de chorume. Podridão. Fede tanto que meus olhos lacrimejam. "Eu acabei de tomar banho, o que está cheirando mal?". Dentro de mim. Eu apodreci dentro do meu corpo e o cheiro é horrível. Espero que ninguém consiga sentir. Sou morta-viva, andando por aí sem rumo. O velho ditado torna-se real: - Morri e esqueceram de me enterrar.

Acordo. Passou. 

Fome. Frio. Sono. Todas as emoções voltam com força. Olho para as pessoas ao meu redor novamente - dessa vez sinto, até doer o peito. Os sons são altos demais. Os susurros incomodam. Eu penso e repenso e penso e repenso e penso e repenso e - AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA...

Agora tudo tem importância demais. O que era sonho em melancolia, agora é pesadelo em realidade. Continuo inútil. Além disso, me sinto mal por ser assim. Nada fica bom. A palavra "suficiente" não existe. D e s e s p e r a d a. Sinto que minha sanidade é como um passarinho, talvez uma borboleta, quem sabe um mosquito - pequenininho.

Hahahahahahahahahahahahahaha

Odeio risadas. Em algum momento, elas me fazem querer chorar. Arranca um pouco dali e daqui, vai podando e arrumando... Opa! Sangrou. Tudo bem, a gente coloca um salzinho que cicatriza.

Desconexa, sem sentido, vaga, incongruente, rasa, incoerente, volúvel, brusca. Não consigo mais prosseguir com uma ideia. Me desculpe. Desaprendi a escrever e só sei gritar. 

Arranha, coça, cutuca, mexe, esfrega, bate, descasca, tropeça, grita, machuca, destrói, abre, fecha, esmaga, encara, contorçe, prende, trinca, e repete, repete, repete. Pronto, acabou, virou bagaço. Morreu. 

Era frescura toda essa paralisia. Eu sabia que ela sentiria algo se eu moesse cada mínima parte de seu corpo.

Eu te amo. Obrigada por cuidar de mim.



Comentários

Postagens mais visitadas